quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Música alta pode afetar memória



Muitos adolescentes gostam de ouvir música alta, especialmente durante os estudos, costume que tem sido criticado pelo pais ao longo de gerações.

Agora, cientistas da Argentina mostraram que a reclamação dos progenitores não é pura chateação: por meio de um experimento com ratos, eles descobriram que o som alto pode afetar a memória e os mecanismos de aprendizagem de animais em desenvolvimento.

O trabalho, publicado na revista Brain Research, foi realizado utilizando camundongos com idade de 15 a 30 dias, o que corresponde a uma faixa etária de 6 a 22 anos nos humanos. "Nós usamos ratos, pois eles têm um sistema nervoso semelhante aos seres humanos", disse à BBC Mundo Laura Guelman, coordenadora do projeto e pesquisadora do Centro de Estudos Farmacológico e Botânico da Universidade de Buenos Aires.

Os pesquisadores expuseram os animais a intensidades de ruído entre 95 e 97 decibéis (dB) mais altos do que o patamar considerado seguro (70-80 dB), porém abaixo da intensidade de som que produz, por exemplo, um show de música (110 dB).

Concluído o experimento, eles descobriram que, depois de duas horas de exposição, os ratos sofreram danos irreversíveis nas células cerebrais.

Segundo os pesquisadores, foram identificadas anormalidades na área do hipocampo, uma região associada com os processos de memória e aprendizagem. "Tal evidência sugere que o mesmo poderia ocorrer em humanos em desenvolvimento, embora seja difícil de provar, porque não podemos expor as crianças a este tipo de experiência", disse Guelman. 

Danos

Já era sabido que a exposição ao som alto pode causar deficiência auditiva, cardiovascular e do sistema endócrino (além de stress e irritabilidade), mas a cientista Laura Guelman afirmou que é a primeira vez que tais alterações morfológicas são detectadas no cérebro. "Pode-se supor a partir dessa descoberta que os níveis de ruído a que as pessoas são expostas nas "baladas" ou ouvir música alta com fones de ouvido podem levar a déficits de memória e cuidados de longa duração", disse Maria Zorrilla Zubilete, professora e pesquisadora da Faculdade de Medicina da UBA.

Uma das curiosidades relevadas pelo estudo é que, para as crianças, uma única exposição a ruídos altos pode ser mais prejudicial do que uma exposição prolongada. "É possível que os estímulos do cérebro já não tenham tempo para reparar tais ferimentos", disse Guelman. 

Conclusões precipitadas

Cientistas argentinos acreditam que o estudo deve servir como um alerta para evitar a exposição das crianças a sons altos. Com a descoberta, os professores, que já se queixam de como as novas tecnologias podem distrair os alunos, têm agora um novo argumento para proibir os gadgets em sala de aula.

 

O Paraná 

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